É algo assustador receber a notícia de que seu pet tem câncer. Apesar da preocupação, é importante ter em mente que a Medicina Veterinária possui muitos recursos para proporcionar um tratamento adequado que controle a doença e preserve a qualidade de vida do seu companheiro.
Para te ajudar a entender melhor esse universo, trazemos informações sobre os tratamentos disponíveis e, também, desvendamos alguns mitos. Mas lembre-se: é essencial fazer um acompanhamento com um profissional especializado, que discutirá com você as melhores opções terapêuticas. Um bom veterinário oncologista possui experiência e conhecimento das mais recentes pesquisas científicas. Ele pode delinear um plano individualizado, de acordo com as particularidades do paciente.
Conheça os tratamentos oncológicos na veterinária
Será que a quimioterapia é sempre a melhor opção? E os novos tratamentos, como a imunoterapia e a terapia-alvo, são realmente superiores? A verdade é que não existe um tratamento melhor ou pior, e sim diferente. Cada tipo de tumor responde de forma específica à determinada terapia. A escolha do tratamento ideal depende de uma série de fatores, como o tipo de tumor, o estágio da doença e as informações disponíveis na literatura científica sobre a eficácia de cada abordagem.
Atualmente, o tratamento do câncer em pets se baseia em cinco pilares:
· Cirurgia e radioterapia: são terapias locais, focadas no controle do tumor na região onde ele apareceu.
· Terapias sistêmicas: tratam o corpo como um todo, combatendo e/ou prevenindo metástases (quando o tumor se espalha do local de origem para outras partes do organismo) e sendo a principal forma de tratamento em tumores como linfomas e leucemias. Aqui entram a quimioterapia, a terapia-alvo e a imunoterapia.
O grande mito é pensar que a quimioterapia é sempre sinônimo de sofrimento. Na Medicina Veterinária, o foco é a qualidade de vida. Diferente da medicina humana que, muitas vezes, busca a cura a qualquer custo, os veterinários ajustam as doses dos fármacos para que os efeitos colaterais sejam mínimos, garantindo que o pet possa continuar a brincar, comer e interagir com a família. Ou seja, em alguns casos, a experiência com a quimioterapia pode ser muito mais tranquila do que você imagina.
Novas terapias: foco na precisão
Diferentemente da quimioterapia, que age de forma generalizada, as novas terapias são mais específicas e têm como objetivo atacar aquilo que causa ou mantém o tumor vivo. Embora promissoras, por serem mais novas, existe menos conhecimento científico e há muitas perguntas a serem respondidas sobre sua ação, eficácia e efeitos colaterais. São terapias de alto custo e nem todas as medicações estão disponíveis no Brasil.
A terapia-alvo atinge, especificamente, células cancerosas, visando minimizar danos colaterais. É um tratamento de alto custo e contínuo, pois a interrupção da medicação pode fazer com que o tumor retome o crescimento. Já a imunoterapia busca fortalecer o sistema imunológico do pet para que ele mesmo combata o tumor. Imunoterapias mais antigas apresentaram baixa eficácia. Então, a grande aposta são as modalidades em desenvolvimento, como os anticorpos monoclonais, que mostraram resultados promissores em tumores específicos, como o melanoma e o mastocitoma em cães. No entanto, ainda não são comercializados em nosso país.
Exames genéticos funcionam?
Nem sempre. Em alguns casos, esses testes moleculares aumentam as chances de sucesso, mas isso não é uma garantia. Eles analisam o tumor do pet e, teoricamente, indicam o remédio mais eficaz. Porém, muitas dessas indicações são de fármacos humanos com poucos estudos em animais. Os exames genéticos são particularmente úteis em casos de tumores raros e agressivos, que não possuem recomendação de um tratamento padrão na literatura científica.
Nutrição: nada de dietas “milagrosas”
A boa nutrição é primordial para o tratamento oncológico. A obesidade e o emagrecimento excessivo podem influenciar a resposta aos medicamentos. Além disso, evitar o excesso de peso é uma forma de prevenção, já que a obesidade contribui para o aparecimento de tumores.
Existem rações e suplementos desenvolvidos especialmente para pets com câncer. Essa dieta não cura a doença, mas ajuda o animal a manter-se forte e a tolerar melhor o tratamento. O ômega-3, por exemplo, é uma das substâncias mais estudadas e com maior evidência de benefícios tanto na prevenção quanto no tratamento do câncer.
Evite dietas “milagrosas” sem embasamento científico. Seja com ração de alta qualidade ou alimentação natural, o mais importante é que a dieta seja balanceada e orientada por um veterinário para garantir todos os nutrientes necessários ao seu pet.
Acolhimento: seu pet precisa se sentir seguro
O suporte emocional dos tutores é fundamental. Os pets não têm a mesma percepção do diagnóstico que os humanos, que podem apresentar maiores efeitos colaterais devido a fatores como depressão e ansiedade. Os animais vivem o presente. No entanto, o estresse e pessimismo da família podem afetá-los. Uma atitude positiva é crucial para o bem-estar do pet e o sucesso do tratamento. Afinal, nesses momentos, é importante lembrar que você também é o melhor amigo dele.