As transfusões sanguíneas são procedimentos cada vez mais comuns na medicina veterinária moderna, salvando diariamente a vida de cães e gatos em situações críticas, como anemias severas, hemorragias e cirurgias de emergência. Apesar da importância, o Brasil ainda não possui uma regulamentação federal específica para os bancos de sangue veterinários, o que reforça a necessidade do cumprimento rigoroso das boas práticas e diretrizes profissionais para garantir segurança e qualidade em todo o processo.
Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e a Associação Brasileira Veterinária de Hematologia e Medicina Transfusional (ABVHMT), a atuação responsável depende da adoção de protocolos que envolvem desde a coleta e o armazenamento até o controle de qualidade e a rastreabilidade completa do sangue utilizado. As diretrizes complementares da ANVISA também contribuem para padronizar procedimentos e reduzir riscos.
Boas práticas e segurança transfusional
A segurança de uma transfusão começa antes mesmo da aplicação do sangue. O processo envolve a seleção criteriosa de doadores, triagens clínicas e laboratoriais, tipagem sanguínea e testes de compatibilidade cruzada. Durante o procedimento, o animal deve ser monitorado constantemente, com acompanhamento dos parâmetros vitais e atenção a possíveis reações transfusionais.
Outro ponto essencial é a rastreabilidade, que assegura controle de qualidade e responsabilidade profissional por meio de registros detalhados sobre doadores, receptores e exames realizados.
Seleção e triagem de doadores
A escolha correta dos doadores é um dos pilares da hemoterapia veterinária. De acordo com a ABVHMT, cães doadores devem ter entre 1 e 8 anos, pesar mais de 25 kg, estar saudáveis, vacinados, vermifugados e nunca ter recebido transfusões. Já os gatos precisam ter peso mínimo de 4 kg e boas condições clínicas. Todos devem passar por exames hematológicos, sorológicos e tipagem sanguínea antes da coleta.
Desafios e avanços da hemoterapia veterinária
Um dos grandes desafios enfrentados pelos bancos de sangue veterinários é a baixa adesão de tutores à doação animal, o que dificulta manter estoques regulares. Além disso, a atividade requer estrutura adequada, equipamentos calibrados, controle rigoroso de qualidade e profissionais especializados em medicina transfusional.
Apesar disso, o setor tem avançado de forma significativa nos últimos anos. O crescimento de cursos de especialização, publicações científicas e o acesso a novas tecnologias têm tornado as transfusões mais seguras e eficazes. A formação contínua dos profissionais é hoje um dos principais fatores que diferenciam um atendimento básico de um serviço de excelência.
Recomendações para clínicas e hospitais veterinários
Para oferecer transfusões seguras, clínicas e hospitais devem garantir infraestrutura adequada, equipes capacitadas e cumprimento das boas práticas de hemoterapia. É fundamental realizar todos os exames de triagem, assegurar o correto armazenamento das bolsas (com temperatura, validade e rastreabilidade controladas) e executar sempre o teste de compatibilidade entre doador e receptor antes da transfusão.
Com responsabilidade técnica, investimento em qualificação e comprometimento ético, é possível oferecer um serviço de transfusão veterinária seguro, confiável e de alta qualidade — preservando vidas e fortalecendo a medicina veterinária no país.